
Um triste capítulo da história da Baixada Santista e da política nacional foi escrito nesta quarta-feira, 13 de agosto de 2014, em Santos. Eduardo Campos, ex-governador de Pernambuco e candidato à Presidência da República pelo PSB, morreu em um acidente aéreo no bairro do Boqueirão, que deixou outras seis vítimas fatais. Ele se dirigia ao Guarujá para participar de um fórum sobre o Porto de Santos.
Tenho colegas que moram perto da região do acidente e que tiveram que deixar suas casas, temporariamente, para os primeiros trabalhos dos bombeiros e peritos. Eu não estava escalado para cobrir o evento do qual Campos participaria (e que minha assessorada também acompanharia), mas por volta das 10h30, o jornalista que estaria no fórum ligou para o trabalho comunicando um incidente.
Uma aeronave havia caído próximo à sua casa e ele não teria como chegar ao evento. Fui escalado em seu lugar. Mas logo o destino mostraria que não haveria mais o que cobrir no Guarujá. Restava a nós acompanhar um inesperado e terrível momento desse ano repleto de tristes surpresas.
Evitarei comentar sobre o acidente, afinal toda a mídia nacional já o abordou em detalhes. Mas destaco o reaparecimento de um antigo problema regional.
Em tempos de redes sociais, ainda me espanto com a certa dificuldade local na cobertura de fatos urgentes de abrangência nacional que acontecem por aqui.
Fora inúmeros perfis de Facebook e Twitter – é, nós jornalistas não somos mais os “donos da notícia” -, pelo meu monitoramento, as fontes de informação principais e detalhadas foram órgãos de imprensa nacionais.
Os motivos para isso são vários: precarização das condições de trabalho, pouca concorrência (apenas dois jornais impressos diários), a velha cultura da priorização do jornalismo “analógico”, em detrimento do investimento nos meios on-line.
Fica a reflexão sobre essa quarta-feira inesquecível para quem vive e trabalha com comunicação na Baixada Santista. E a tristeza pelos que se foram, demonstrando mais uma vez a inevitável perenidade da vida.
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Clique aqui para ler o completo depoimento do meu colega jornalista Carlos Pimentel Mendes, que testemunhou a tragédia, forçando a minha inesperada convocação para o fórum que o destino quis que não contasse com seu principal palestrante.