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Relembrando a tragédia que nunca deve ser esquecida

Alguns dos 93 corpos oficialmente encontrados após a tragédia. Outras centenas desapareceram sob as cinzas (imagem: Reprodução/TV Globo)
Alguns dos 93 corpos oficialmente encontrados após a tragédia. Outras centenas desapareceram sob as cinzas (imagem: Reprodução/TV Globo)

Todos somos vítimas do incêndio que atingiu a Vila Socó naquele fatídico fevereiro de 1984. Vítimas do progresso desenfreado, das agressões ao meio ambiente, da desigualdade social.

O fogo destruiu incontáveis vidas, sonhos, histórias. Mas a tragédia que fez o mundo chorar acabou sendo fundamental para que o mundo também abrisse os olhos, despertasse para o grave problema ambiental e social que o dominava. O problema não era Cubatão, Bhopal, Kuala Lumpur, Chernobyl. Éramos nós.

Vila Socó foi fundamental para o renascimento de Cubatão. Depois daquela madrugada de 24 para 25 de fevereiro de 1984, passaram a fazer parte da nossa vida conceitos como ecologia e justiça social. Nossa cidade descobriu e ensinou ao mundo o quão poderosa é uma sociedade quando se une por uma causa em comum. E nenhuma causa é mais nobre que a nossa própria sobrevivência.

Nos dias e meses seguintes à tragédia, Cubatão foi o principal assunto nacional. Um batalhão inédito de jornalistas e equipes de rádio e TV se revezavam para informar ao País e ao mundo os desobramentos do episódio. Revistas tiveram que interromper a impressão de suas edições especiais de Carnaval para atualizar seus noticiários da semana. O cinza invadia as capas outrora coloridas.

Quem estava em Cubatão nessa época não esquece as imagens, os cheiros, as sensações de angústia e impotência que imperavam em todos, de autoridades a experientes repórteres e heróicos bombeiros. Todos foram transformados. Nos tornamos mais humanos após Vila Socó.

Dos escombros, surgiu a Vila São José, hoje um núcleo urbanizado e regularizado, que sedia um dos principais centros de lazer da Cidade, a Praça da Cidadania.

Mas a cada dia, a luta contra o fantasma do Vale da Morte deve persistir. Não podemos nos acomodar. Em respeito aos que se foram há 30 anos, e ao futuro de nossos filhos, a Vila Socó precisa continuar viva em cada um de nós.

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A seguir, imagens da cobertura da imprensa à época. Repare que as revistas Veja e Manchete tiveram que atualizar suas edições de carnaval, que já estavam rodando nas gráficas, o que forma uma constrangedora contradição entre a folia das imagens coloridas e o texto fúnebre dos destaques.

Agradecimentos ao jornalista Carlos Pimentel Mendes (site Novo Milênio) e ao Arquivo Público Municipal de Cubatão.

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