O brasileiro em geral é muito bem-humorado, gosta de fazer brincadeiras. E uma de nossas modalidades favoritas é lidar com os estereótipos. Esse gênero consagrou os programas humorísticos e até hoje o vemos com bastante frequência nas telinhas e nas rodas de conversa entre os amigos. E foi uma dessas brincadeiras que novamente acordou a população cubatense de que ainda temos um triste legado.
Há cerca de duas semanas, durante o programa Amor & Sexo, da TV Globo, a apresentadora Fernanda Lima perguntou ao crooner da banda do programa, o cada vez mais inchado cantor Leo Jaime, qual havia o lugar mais estranho que ele havia tido relações sexuais. A resposta veio na lata: Cubatão.
Não sei se o ato carnal aconteceu no extinto Savage Motel, atrás do Centro Esportivo Castelão ou no meio da Vila Parisi, mas a piadinha mequetrefe mexeu com os ânimos de muitos cubatenses, principalmente via internet, e gerou até uma moção de repúdio da Câmara.
Tudo bem, ele pegou pesado, mas nós também passamos da conta ao dar importância a isso. Eu mesmo era conhecido como o “cubatense” na faculdade de jornalismo, pois era o único da cidade em minha classe. Ouvi todos os tipos de brincadeiras e nenhuma chegou a me tirar do sério. Pelo contrário, entrava no jogo e criava sacadas geniais, modéstia a parte, a respeito de meus colegas santistas, vicentinos e até mongaguaenses. Um dia, até, causei frisson ao ir estudar ostentando uma bela camisa do Cubatense, time de futebol de vida curta. Não processei ninguém pelas brincadeiras e ninguém também o fez.
Na televisão, cansei de ouvir pessoas brincando com Cubatão. No finado programa Sai de Baixo, o personagem de Miguel Falabella cansou de usar nossa cidade como mote de suas piadas. E eu ria. Ria porque nós damos razão a isso.
Um dos pontos fraquíssimos de Cubatão sempre foi e continua sendo a sua divulgação. Ganhamos o reconhecimento da ONU como exemplo de recuperação ambiental, temos parques ecológicos exuberantes, guarás-vermelhos, monumentos da Serra do Mar. E mostramos isso ao mundo? Não! Qual programa turístico essa Cidade tem a oferecer? Um belo tour pelo parque industrial, para conhecer as maravilhosas chaminés da Usiminas ou a novíssima termelétrica da Petrobras, com um vazamento de amônia incluído?
Se um pobre turista que parar por aqui quiser chegar ao Cotia-Pará, como o coitado vai conseguir isso? Pegando um ônibus circular que para a quarteirões de lá e ainda ter que andar centenas de metros e atravessar uma passarela sem identificação ou segurança? Corajoso esse cara!
Felizmente, o passado onde merecíamos a triste alcunha de “Vale da Morte” acabou. Mas para que o Brasil e o mundo saibam disso e mudem seus conceitos, nós precisamos fazer uma coisa importante: contar para eles. Senão, o pobre do Leo Jaime não voltará para ver estrelas em uma bela noite cubatense de amor e sexo.