
O vereador Francisco Leite da Silva, o Bigode (PP), foi acusado, em matéria do jornalista Evandro Siqueira, da TV Tribuna, de receber horas extras sem trabalhar para isso.
Bigode é lotado no setor de transportes da Câmara de Cubatão, uma função que até a divulgação da matéria pouquíssimas pessoas sabiam, nem mesmo seus assessores diretos. Em teoria, ele trabalha na garagem do Legislativo das 6 da manhã às 3 da tarde. O resto do tempo é dedicado a seus afazeres na Câmara.
Para entender melhor o assunto, veja a reportagem da TV Tribuna.
O assunto é muito complicado e promete novos capítulos. Mas como esse blog é de bastidores, vamos a eles:
Na última terça-feira, dia de sessão da Câmara, um cinegrafista da TV Tribuna e Evandro Siqueira passaram horas fazendo imagens de Bigode antes, durante e depois do expediente legislativo. Nem o vereador nem os funcionários da Casa sabiam os objetivos da emissora naquele momento.
A verdade só veio à tona minutos após a sessão. Evandro e o cinegrafista esperaram um momento em que Bigode foi sozinho a seu gabinete e o cercaram, com a câmera ligada, já o interpelando com a acusação de receber 59 horas extras sem trabalhar.
A cena foi dantesca. O vereador, visivelmente surpreso, mal conseguia se explicar, enquanto vários parlamentares – entre eles Tucla, Donizete, Alemão e Doda – faziam gestos atrás da câmera para que Bigode não falasse à equipe de reportagem.
Após o momento embaraçoso, Alemão foi à sua sala para decidir com seu staff o que fazer diante da situação. Vinte minutos depois, a equipe da TV Tribuna foi chamada para ouvir a versão do Presidente da Câmara.
No dia seguinte, religiosamente no seu horário de trabalho, Bigode foi à garagem da Câmara labutar. A atitude foi a mesma nos outros dias, até sexta-feira, quando o vereador-segurança concedeu entrevista à TV Tribuna, muito mais calmo.
Nos bastidores do Legislativo, especula-se quem tenha vazado a denúncia à TV. Pessoas próximas à Bigode afirmam já saber que foi um funcionário com trânsito nos dois prédios do Paço Municipal, além de um vereador da ala governista. Eles já trabalham em uma “retaliação”, que pode atingir setores da Administração Municipal ou do bloco de apoio à Prefeita.
Este caso, como muitos outros, mostra que o Brasil ainda padece de um mal bastante antigo. Existem coisas que podem ser até legais do ponto de vista jurídico, mas que são completamente imorais sob a visão da ética. Essa deturpação é facilmente vista nos maiores escândalos do nosso País, que com algumas manobras judiciais são facilmente resolvidos, mas que causam profundas feridas morais na nossa sociedade.
Quanto ao caso Bigode, vamos aguardar os próximos e emocionantes capítulos, mas sempre com as barbas de molho…