Tenho uma conhecida que está estudando na nova unidade do Centro Paula Souza em Cubatão, uma parceria entre o Governo do Estado e a Prefeitura de Cubatão.
O local, inaugurado no começo do ano passado, era para ser uma escola pública, portanto, acessível a quem não tem como pagar por um ensino particular. Mas o que os pais dos alunos dessa unidade estão gastando poderia facilmente bancar a mensalidade de um colégio particular.
Vamos às contas. O uniforme – uma simples camisa verde com o emblema da escola – custa a bagatela de R$ 25,00 e não há como escapar dessa despesa, já que o traje é obrigatório. A escola cobra R$ 50,00 pelo “kit ensino” – carteirinha e uniforme – sim, até a carteira que libera o acesso do aluno é cobrada.
Além disso, há as taxas da Associação de Pais e Mestres, outra tacada no começo do ano. Além disso, os pais tem que se virar para comprar o material dos alunos. Quando eu estudei em escola pública, a Prefeitura dava pelo menos dois cadernos universitários, canetas, lápis e borracha.
Para completar, a escola indicou que os pais matriculassem seus filhos em cursos de inglês, pois a matéria ensinada pela escola está “muito acima dos conhecimentos dos alunos”, segundo me foi dito por essa fonte. Ou seja, no mínimo mais R$ 60,00 por mês, fora o material didático.
Nessa brincadeira, já foram gastos R$ 110,00, fora a alimentação (quem faz os dois cursos tem que almoçar fora, não tem jeito) e o transporte. Haja dinheiro! E isso para uma escola pública.
Sugeri a alguns pais que montassem uma comissão para marcar uma audiência com o secretário de Educação, para relatar a situação. Há muita gente ali que ralou muito para conseguir entrar nesta escola, mas que corre o risco de não terminar os estudos, por causa dos custos.
Já no que tange à Prefeitura, é importante analisar esta questão com uma certa urgência. A última administração praticamente deixou o Centro Paula Souza com a batata quente na mão, não cumprindo as suas obrigações firmadas em contrato.
Espero que a atual equipe reverta essa situação, pois esta escola pública foi uma árdua conquista da Cidade. Se nada for feito, mais uma vez veremos uma ótima escola pública ficar somente acessível aos mais abastados da Baixada Santista, assim como aconteceu com a antiga Escola Técnica Federal.
Allan, não concordo com a sua posição no Post. Investimento em educação é isso. E todo dinheiro gasto com Educação é retorno garantido. Infelizmente, ainda vivemos a realidade de que qualidade de ensino é diretamente proporcional ao dinheiro gasto.
Quem reclama por gastar R$25 com camiseta e por gastar dinheiro com livros bons, que vá para o Schimidt. No ensino particular se gasta muito mais do q isso. Pois ha tb as mensalidades, alem dos livros, material e td q sai do seu bolso. Absolutamente Tudo.
Reiterando, quem acha q gastar R$100 em um ano é coisa de particular, q vá para o Schimidt.
Qto ao curso de Ingles, a posicao da escola é certissima. Afinal, a escola boa nao tem culpa se o aluno veio de escola municipal onde so se aprende o verbo To Be. Ela tem q nivelar por cima. Os alunos tem q correr atras do prejuízo, e não a escola nivelar por baixo por conta das deficiencias de seus alunos. Ou entao, teremos só mais um Schimidt.
Estudei na federal de cubatão. E não me arrependo de 1 centavo dos quase 1000 reais gastos em livros em 3 anos de estudo, os quais meu pai gastou com muito esforco, até recorreu a empréstimos em bancos.
Esse é o diferencial deste centro estadual e do CEFET. A colaboracao dos alunos é necessária para a qualidade de ensino.
Quanto ao fim do seu texto: Eu, com o orgulho que tenho de ter feito o ensino médio em uma das 10 melhores escolas do país, CEFET, digo que está COMPLETAMENTE EQUIVOCADO, pois o CEFET é uma elite INTELECTUAL, e não econômica. E é isso o q a tornou a escola q é. A selecao de seus alunos é feita pelo seu conhecimento. No dia em que esta escola abrir as portas para qlqr aluno cubatense que nao qr nada com a vida, o CEFET se tornará um Schimidt.
Antes de estudar na federal eu fiz ensino fundamental em escola municipal de Cubatao. E foi a minha força de vontade q me fez debruçar sobre livros por conta, pois o meu diferencial é q eu qria ser alguem na vida.
E minha família, como a de muitas pessoas q estudaram comigo na federal (a maioria das pessoas da minha sala vieram de escolas publicas municipais e estaduais), não é nada abastada. Para vc rever seu conceito: a pessoa da minha sala que chegou mais longe e está agora fazendo seu mestrado na UNICAMP, é de nada mais nada menos que o México 70, favela bem conhecida aqui na baixada.
O ponto é esse. O diferencial não é financeiro, mas sim a vontade de crescer na vida. Hj em dia, nao importa de onde vc venha, o dinheiro q tenha. TODOS tem oportunidades, CEFETs, ETECs, PROUNIs. Estes estao aí para isso, por isso são escolas PÚBLICAS, às quais TODOS, sem excessão, têm acesso. Aproveita quem qr e gasta dinheiro com educacão SIM qm preza por ela.
E agora, parabéns pelo blog! Cheguei a ele atraves da comu de cubatão, onde vc postou um link.
Desculpe pelo texto “acalorado”, é que eu adoro o CEFET e não gosto de ver alguem dizer que ele não foi feito para os Cubatenses e para os menos abastados hehehe 😛
Cara Ellen, obrigado pelos seus comentários!
Respeito a sua opinião, mas descrevi a situação de muitos alunos da instituição. O problema é que nenhum destes gastos foi anunciado no momento da matrícula. Foi prometido aos pais que haveria livros e material gratuito. Portanto, ninguém estava planejando gastar com esses itens. Há pais que não têm como gastar muito e até agora estão tendo de fazer manobras complicadas em seus orçamentos.
Quanto ao CEFET, também estudei lá e, pelo menos na minha época, o retrato era o que eu descrevi. Para você ter uma ideia, na minha classe do ensino médio, dos 40 alunos, somente eu e mais cinco alunos eram de Cubatão. E somente eu e mais dois colegas de classe não haviam estudado em escola particular.
Também me dediquei muito aos estudos e minha família fez muitos sacrifícios para manter os meus estudos. Estudei no Afonso Schmidt e por mais que me esforçasse, tive que estudar dois meses a mais (fazendo adaptação curricular no período de férias) para conseguir o diploma do ensino fundamental, já que a grade curricular da escola já estava ultrapassada em relação ao exigido pelo MEC.
Não quero que ninguém entre no CEFET sem méritos, mas para que alunos do ensino público e particular tenham as mesmas oportunidades, é preciso que as escolas públicas tenham estrutura e qualidade de ensino para formar bons alunos e cidadãos. Como nós dois sabemos, esse é o maior problema e infelizmente está longe de uma solução no Brasil.
Obrigado pela visita e volte sempre!
Pois é, Allan, aí a coisa já muda de figura. Onde é que o dinheiro foi parar? Com o quê foi gasto, já que o material não chegou às mãos dos alunos? Muito estranho.
Já o CEFET, acho que pela falta de preparo dos alunos, pela queda do nível do Ensino Público, e pelo governo Lula, que é mais voltado às políticas sociais do que os governos anteriores, agora existe uma inclusão muito maior… O nível do vestibulinho caiu… Na minha época (2002-2004) já era bem includente… pelo menos na minha turma… tinha no mínimo 10 pessoas de escolas públicas (Cubatão e São Vicente a maioria). E sei q hj esse número aumentou, pois conheco algumas pessoas que estudavam no Ulisses Guimarães (mesma escola que eu estudei, na Vila Natal), e que estão lá agora tb.
Não sei podemos ver isso como uma queda na qualidade do vestibulinho ou como uma melhora no ensino público municipal. No momento o que podemos fazer é cobrar do sr Secretário Fábio Inácio melhores políticas educacionais, e não a progressão continuada q ele defendeu em um post na comunidade do Orkut (já pensou?)
Seu blog é ótimo, adicionei nos favoritos.
Ótimo debate, muito instrutivo e interessante. Parabéns pelos comentários.
Tanto é verdade o que a Ellen fala sobre o blog do Allan, que via de regra os seus envios aqui são publicados em nosso portal com destaque.
Da Redação do Portal Marcia Rosa.